Dia seguinte à festa, todos de ressaca, acorda a Márcia de um sonho estranhissimo. Como sabe a mãe e as pessoas que me vão conhecendo, eu tenho sonhos estranhos; não prestei grande atenção. Mas o sonho acabou por revelar-se semi-premonitório e, estranhamente, não foi o único (mais disso depois): um homem tentava entrar-nos pela cozinha da casa Mamelli e roubar a casa, começando pelas bicicletas; arrombava o portão (que até no sonho estava seguro pelo cadeado da minha bicicleta) e chegava lá cima. Chega a Márcia à varanda para por roupa ou assim - isto já na vida real - e a vizinha do prédio ao lado, com janelas para o nosso pátio, diz-lhe que andavam a rondar o portão durante a madrugada e, não fosse a santa velhinha gritar-lhe, tinha entrado.
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a minha etruska aínda amarelinha |
Uns dias à frente, já depois de nos ambientarmos, fomos procurar tinta para as bicicletas. A minha era amarela e eu gostava dela assim, mas tinha muita ferrugem, que além de feia me sujava a roupa toda; a do Dani também era decente mas, como foi encontrada, decidiu-se pintar... e as outras eram esquisitas; seja como for, pintar parecia-nos melhor ideia que não pintar :)
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a da Pilareca, aínda original |
Andámos e andámos, descobrimos o shopping - il Castello, onde tem a Coop, a HM, etc;
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alta pose! (não encontro nenhuma
da Márcia em original :/) |
percorremos a secção de pinturas do Coop, das lojas de ferragens da Via Bologna, tudo, na procura de um bom preço por sprays. Acabámos por compra-los na primeira loja onde tínhamos entrado (isto soa familiar). Para mim levou-se um prateado, para o Dani um cinzento, para a Márcia roxo e dourado e, para a Pilar, vermelho. Comprámos também lixa e trouxemos imensos jornais de anúncios (que dão nas ruas), para forrar o chão.
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a Channel! |
A casa era numa esquina e, mesmo em frente, a muralha. Com o telemóvel da Pilar a dar Byonce e não sei que mais, todos de calções (o calor foi devastador nestes dias) e t-shirt, mãos à obra nos jardins da muralha!!! Passados 2 minutos estávamos a ser devorados pelos mosquitos e nem com repelente eles se afastavam. Matavam-se mosquitos nos braços e pernas, de tanta quantidade de repelente, que infelizmente só os prendia e não os matava. Mas lá pintámos as ditas cujas e ficaram giras :D A minha prateada e dourada, a do dani prateada e cinzenta e preta, a da márcia (a única como planeado, agora chamada de Channel) dourada e roxo e, para terminar, a da Pilar em vermelho, roxo, dourado, prateado, tudo!!
O Pietro apareceu nesse dia, enquanto nos fazíamos de artistas, mas para tratar de papeis, nada mais. Quando me aproximei dele, que estava à porta de casa (e só vimos por acaso), apresentou-me o senhor do condomínio, uma espécie da macho latino reformado e flácido, engatatão e ligeiramente arrogante. Ficou radiante por ter estrangeiros no prédio (uma novidade, porque toda a gente odeia estrangeiros nos prédios) e disse coisas ridículas, não me lembro o quê, mas ridículas o suficiente para me lembrar de que as disse.
Nessa noite, ou ao fim da tarde, foi tocar-nos à campainha (o tal macho latino); queria que pagássemos a taxa de limpeza do prédio, cerca de 20 euros, se não me engano, ao mês. Além de só lá estarmos provisoriamente, como o Pietro o informou nessa tarde, nunca nos foi mencionada qualquer despesa de condomínio. Mas, para não parecer mal ou rude, ou haver mal entendidos, o Daniel perguntou se se podia limpar em vez de pagar :D Para surpresa, diz o tipo que sim :D ahahah Nós (meninas) só dizíamos "estás louco, onde te vais meter, o que foste fazer", mas o Dani com o espírito todo: "Eu vou limpar as escadas do prédio!".
Naturalmente, ligámos ao Pietro, até porque a máquina da roupa não estava a funcionar e, uma vez que não pagávamos água nem luz naquela casa, tínhamos que aproveitar (eheheh).
Ora o administrador era um charlatão de natureza e, como disse o nosso querido Pietro, só queria ganhar mais uns trocados ou, neste caso, ver-nos fazer figuras tristes. Mas achou o acto do Daniel uma fofura, um "carinho" como ele diz :D
Para terminar, de pessoa que nunca pegava na bicicleta boa em casa, daquelas de montanha e não sei que mais, passei a amante de uma bicicleta de meia dúzia de eurecos, nem travões tem, torta, manca, feia, desconfortável e ferrugenta. Tanto que a quero levar para casa, para por no meu quarto!
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as mai lindas (na noite do perseguidor) |
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