sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Buongiorno PIETRO!

Depois de quase um mês sem escrever e mais de dois meses de cá estar, introduzo o nosso senhorio. Pietro Domenicali. Este jovem, cerca de 50 e muitos, 60 e poucos anos, é o amigo e sócio do nosso verdadeiro senhorio - mas é também quem trata das casas desse outro personagem aqui em Ferrara e é quem nos recebe o pagamento e chamadas. É o MAIOR! Em todos os aspectos.

Não sei se cheguei a descrever o meu primeiro contacto com o genro, o Morris, portanto vou começar do início. 
No primeiro dia de procura de casas, como já tinha algumas apontadas de sites de imobiliárias, fui com a Agata e a Luisa às moradas indicadas. A primeira de todas ou não existia ou não era em Ferrara, a segunda já estava ocupada e da ultima ninguém atendia. Decidimos ir às faculdades procurar endereços: descobrimos 3.

Na manhã seguinte, ao chegar à primeira casa - na Via Giuseppe Fabbri 112 - está um tipo de 30...anos encostado a um muro, alto estilaço, super azeiteiro da moda. Conversa fácil, estilo "ah e tal, é de Portugal? E escuteira? Hum, que bem" e depois alta conversa em italiano muito rápido com a Luisa. Mas tinha-se esquecido da chave não sei onde e marcámos de novo para depois de almoço. Chegámos e ele trazia vestida....uma t-shirt de manga cavada.....a dizer PORTUGAL. (...)

A casa pareceu-me tenebrosa; tudo antigo, sem janelas (estavam a ser pintadas), a casa de banho escura, a cozinha vazia, um horror. Fomos ver as outras. ainda mais velhas, um calor desgraçado, caras, sem posto de bicicleta, sem isto, sem aquilo. Encontrámos mais e mais, caras, um calor desgraçado, sem posto de bicicletas, com despesas de condomínio altíssimas. O pior de tudo: não havia casas com 4 quartos e sala; só de 3 quartos e sala ou de 4 quartos sem sala. Uma delas, num edifício antigo mas todo finesse, muito bonita, toda restaurada, com uns senhorios designers e uns filhos lindos, vistas maravilhosas, condomínio privado, genial. O preço era acessível. Mas 4 quartos e uma cozinha mínima, sem sala.
Conferenciei com os meus futuros co-inquilinos 1, 2 vezes. Nada. Continuaria nesta busca incansável de casas que já ia em 2 semanas (a ver às 3 casas por dia), não fosse o tipo da primeira casa (que até lá era a única que cumpria os requisitos) pôr um prazo para a resposta. Nesse dia encontrei uma no centro, muito bem localizada, com posto de bici, 4 quartos, 2 banhos, despensa e um corredor/átrio de entrada que servia de sala. O preço era sensivelmente 200E mais que a Via Fabbri. Nessa noite fiquei até tarde a falar com a Pilar e a Márcia no Skype e revimos as nossas prioridades: ou 2 casas de banho e sala no átrio (terrível para os vizinhos) ou 1 casa de banho e sala sala + preço melhor. A Pilar claramente queria as 2 casas de banho (e já vão perceber o quão importante isso é para as espanholas); eu e a Márcia queríamos, indubitavelmente, a sala... Qualquer pessoa que estude arquitectura sabe o quão essencial é um espaço fechado (e afastado da porta de entrada e da casa dos vizinhos) para o estudo/trabalho/entregas e, mesmo assim, qualquer bom Português quer uma sala... Não é como se fossemos uns infelizes sem vida que gostem de comer e viver na cozinha - até porque nessa casa do centro, na cozinha mal cabiam 3 pessoas.

Entretanto impôs-se um imprevisto, a casa só estava pronta em Outubro e os Portugueses e a Pilar chegavam passados 2/3 dias dessa precisa noite (16 de Setembro). Eu já estava há duas semanas no Hostel e eles também não iam querer ficar outras duas e eu um mês. O Hostel era ok, mas o preço nem tanto ok, nem tão pouco o facto de não haver onde cozinhar e a comida fora ser ou caríssima ou piza. Mais, verdade seja dita, eu já não aguentava nem um dia com aquele staff maravilhoso, desde o homem borbulhento da recepção a convidar-me para jantar, à senhora das limpezas a gritar-me ás 9 da manhã para que eu me levantasse e ela pudesse mudar os lençóis da cama (num quarto de não sei quantas mil outras raparigas). Ora o Pietro, este amável ser vivo que Deus decidiu colocar no nosso caminho, tinha uma outra casa, na Via Mamelli. Se nos decidíssemos pela Fabbri, podíamos ficar a viver na outra até ao fim do mês, sem pagar despesas, apenas a pagar o valor por pessoa total a dividir por 30, vezes o numero de noites! Para quem não percebe o quão genial isto era, nós íamos ter: 1. estadia quase 3 vezes mais barata que no Hostel 2. cozinha para cozinhar 3. sala para comer 4. quartos e armários e espaço para por a tralha toda que, no meu caso, já estava há duas semanas na mala. Ficou imediatamente decidido: Via Fabbri.

Para que se exalte, ainda mais, a doçura e grandeza deste avô que fomos encontrar em Ferrara, imagine-se só... Quando chegamos ao apartamento provisório: frigorífico cheio de sumos tipo compal, coca cola, 7 up, iogurtes de pedaços (uhuh) de vários sabores, cerveja. A casa estava ainda repleta de quadros de bom gosto, dos quais uma reprodução de um Miró, quadros esses que poderíamos levar para a nova casa em Outubro, se quiséssemos (claro que queríamos). A casa era fantástica... A sala gigante, a cozinha nova.... A casa de banho era pequenina, mas o resto compensava. Menos o facto de ser mais cara, só ter 3 quartos, estar numa zona lindíssima - mas que de noite se transformava em bordel - e ter a persiana da cozinha estragada, que já agora era a única segurança que tínhamos contra eventuais ladrões, que facilmente entravam pelo portão do pátio privativo da casa - que tinha apenas um cadeado. Mas para provisória....valeu mais do que a pena! (:


To be continued, sobre o Pietro.
Para terminar, por hoje, uma foto do nosso ídolo e da sua doce esposa! :)



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